Fiz umas quantas declarações de IVA incorrectas, há uns anitos atrás. Não me entendo mesmo com números! Por isso, fiz a primeira, as despesas eram sempre idênticas, e fui copiando pela anterior. A determinada altura enganei-me numa conta – o que em mim não é defeito, é feitio! – e, a partir daí, todas as declarações passaram a estar erradas.
As Finanças detectaram o erro numa delas e escreveram-me, para acerto de contas. Lá fui, levando a declaração de IVA por eles indicada e as seguintes, que assim tratava de tudo ao mesmo tempo. Logo na altura fiquei “boquipasmada” (como diria Mia Couto). Só poderia regularizar a situação da declaração constante do aviso. Em relação às outras...... restava-me aguardar a citação, por carta! Atirei-me para o chão a rir, claro está! Mas fiz aquilo que me pediram
2 anos depois.... lá chega o aviso para regularização de uma das outras declarações. Direitinha à caixa multibanco..... surpresa.... a referência multibanco está errada! Sobem-se-me os azeites e toca de ligar à repartição de finanças para saber o que se passava e de que forma eu poderia resolver a situação.
Pois.... “temos pena!”! Não posso resolver sem ir à repartição de finanças. E já agora, pergunto eu, quem é o serviço responsável pela emissão dos documentos? Pois que o funcionário não sabe, porque só trabalha na tesouraria. Pelo menos sabia o nº de telefone para onde eu podia ligar. Telefonei!
Agora esperem um bocadinho, que vou só ali gritar e já volto!
Bom, telefonei e o senhor informa-me que não é ali que são passadas aquelas declarações, EMBORA TAMBÉM NÃO SAIBA ONDE SE PASSAM! Não faz mal, eu descubro!, penso, para os meus botões. Informou-me, também, que não é a primeira vez que isto acontece e que a culpa deve ser da SIBS! Alguém tinha que ter culpa, está bom de ver..... Toca de telefonar à SIBS. Vão averiguar e depois entram em contacto comigo!
Entretanto, continua a busca pela descoberta do autor da declaração. Que eu chego lá, não fosse eu teimosa por herança do lado paterno!
10 chamadas telefónicas depois, fartinha de ouvir a mensagem – e atentem bem nesta pérola da expressão oral: “Devido ao elevado número de tráfego que neste momento estamos a receber, prevemos que o tempo de espera seja superior ao desejado. Por favor, tente mais tarde.”, lá consegui que me atendessem. Claro que me deram outro número para ligar.......
Só um bocadinho que agora estou com palpitações...... tenho que tomar o comprimidinho!
Muito melhor, agora! Liguei, então para o outro número e, mais uma vez, não era ali que o meu problema iria ser resolvido.... e porque é que isto não me espanta. Tenho, portanto, que voltar a telefonar para o call center, o tal que me encaminhou para este último número e continuar a ouvir, como se de uma penitência se tratasse, a famosa mensagem atrás transcrita!
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À laia de meia conclusão, porque ainda não tenho nada resolvido:
- passei a manhã ao telefone (gastei dinheiro em telefonemas e não produzi nada);
- ocupei, pelo menos, 3 pessoas diferentes, com uma questão que não lhes dizia respeito - o que se transforma em "não produção" da parte deles, logo em recusrsos mal aproveitados;
- Vou ter que me deslocar a uma repartição de finanças para pagar o bem dito do documento - logo, gastar combustível, pagar parque, sair do trabalho em horário de expediente - logo, poluir, consumir recursos e, mais uma vez, não produzir nada no meu local de trabalho!;
- A pessoa que deu ordem ao computador para emitir a referência multibanco produziu com erro, logo, não produziu - o que implica uma "sobrecarga" de produção num qualquer outro colega, levando isto a duplicação de trabalho - trabalho ineficiente, logo "não produção".
Se eu, ao menos, soubesse fazer contas, já deviam estar aqui umas quantas centenas de euros. Se multiplicarmos isto por mais alguns contribuintes.....
E porquê isto tudo? Porque sou daquelas pessoas que não se cala! Sim, porque isto não é só criticar e depois, quando nos bate à porta, comer e calar! Não! E, terminada esta história, vai haver lugar a reclamação no livrinho criado para o efeito e mais carta registada com aviso de recepção! Pode não dar em nada, é o desfecho mais provável, mas, ao menos, fico de consciência tranquila, porque fiz aquilo que estava ao meu alcance para diminuir a inépcia desta coisa a que alguém chama país!