Patioba: 04/2011

quarta-feira, abril 06, 2011

Olho para ti e vejo-te a vida a passar. Perto do fim.

Olho para ti e vejo as férias, as guerras de "primeira a dormir com a avó!!!" e como isso era, simplesmente, todo um mundo!

E os natais, de casa cheia, também de magia, muito maior do que a magia das prendas. Os cheiros. As gargalhadas. As pressas, para que tudo estivesse pronto, a tempo.

O bacalhau à tia Fernanda, só nosso, porque a tia também é, o frango no forno - ainda bem que te disse que o meu nunca fica igual ao teu... não fica, pronto!

A tua casa...

A cumplicidade dos jantares de carne com fios, quando fazias de conta que escondias a carne debaixo das batatas. Para mim escondias! E eu ficava feliz, porque "enganava", com a tua ajuda a insistência da minha mãe para que a carne fosse toda comida.

A dor da tua tristeza, a dor a cada lágrima, quando o avô.... os meus abraços não chegavam... mas ajudavam muito, dizias-me. E só isso já bastava. Um dia ia passar. E um dia acabaram as lágrimas. Senti-me importante. Os meus abraços tinham ajudado. Já rias.

E aquele dia, em que falavas, encostada à porta da cozinha, com aquele hábito tão teu... já não guardo o conteúdo da conversa, mas lembro-me de ter pensado, no momento em que riste, que eras tão linda, e como era bom ver-te feliz. Disse para mim, ainda miúda, que nunca iria esquecer aquela imagem. E, ao longo dos anos, fui-me lembrando deste meu prometido, talvez para que a imagem fosse sendo avivada com o passar dos dias.

E os mimos! E o carinho! As histórias, à tarde, na mesa da cozinha. O almoço preferido, porque sim! O colo.

Ontem estive de mão dada contigo. E enchi-te de beijos! Ironicamente, cheiras a bebé.

E continuas sempre preoupada com os meninos. Nós, que já somos crescidos, mas que na tua razão, já muitas vezes ausente, permanecemos os meninos.

Ainda bem que voltaste para aquele tempo. Este tempo, de agora, vai passar. Que seja rápido. Porque não mereces.