E a vida a andar...
Estes dias eram sempre de alegria, emoção e brincadeira!
Mesmo depois de terminada a acção que desencadeava estes qualificativos a galhofa continuava. Assim que entrava no carro pegava no telefone e ligava-te, para contar as últimas. O hábito de te ligar, por isto ou por aquilo, ainda está muito presente. Muitas vezes tenho que travar a fundo, já com o telefone na mão. É um "tenho que" que contrasta, frequentemente com um "já não posso"..
Mas hoje, porque foi a primeira vez desde aquela altura, saí de lá e, novamente, perdi o chão: "tenho que" mas "já não posso".
O tempo pára, naquela garagem, e as imagens passam-me na cabeça como uma enorme tela da vida. Vejo-te o sorriso, adivinho-te as respostas ouço-te a gargalhada. E, no entanto, não estás lá.
A quem ligo, agora? Sigo a ordem da lista e procuro o próximo número?
Pouso o telefone.
Não faz sentido.
A quem ligo?
A quem ligo?
Seguir a lista! Tenho que seguir a lista.
Não consigo.
Liguei para a outra parte de ti. Tinha que ser. Era assim que fazia sentido.
A lista manteve-se, embora mais vazia.
É estranha, esta sensação de chuva que tanto molha a terra e de como isso, desta vez, não me está a incomodar, porque te sei em sítio abrigado!
E a vida a andar, mesmo sem chão......