Excerto

Foi a primeira vez que se viram desde há uns meses.

Naquela noite havia milhares de pessoas na rua para apreciar os diversos espectáculos de animação da festa que se realiza todos os anos por aquela altura.

De repente Carolina encontra o olhar fixo de Eduardo. Discretamente, já o procurava há horas, mas sem sucesso.

Nesse instante ficaram sozinhos. Um de cada lado da estrada. O barulho da multidão deixou de se ouvir, era como se não existisse.

Eduardo, imóvel, sussurra. «Amo-te». Carolina nem queria acreditar. A princípio duvidou. Talvez tivesse percebido mal. Mas, os olhos de Eduardo não a enganam, nunca a enganaram. Só podia ter percebido bem, até porque estava a sentir o mesmo!

Durante o tempo em que Carolina e Eduardo namoraram nunca ele lhe tinha dito com tanto sentimento que a amava. E agora, agora que pouco mais havia a fazer do que calar os sentimentos, Eduardo estava ali, descontraidamente, a revelar-se. Carolina sabe que tem esse efeito sobre Eduardo. Consegue que ele lhe diga aquilo que não confessa a mais ninguém. A sinceridade é uma característica que sempre acompanhou a relação deles. E, se alturas houve em que foram menos sinceros foi apenas para se protegerem um do outro, para não revelarem aquilo que efectivamente sentiam. Até ao dia, 10 anos depois, em que Carolina não conseguiu controlar os seus ímpetos e confessou que o amor ainda não tinha morrido, estava, apenas, bem guardado

A imagem de Eduardo, do outro lado da estrada, a confessar a Carolina o seu amor iria acompanhá-la nos próximos dias. A última coisa que tinha em mente antes de adormecer foi aquele “Amo-te” surdo.

.....
À falta de inspiração para escrever um post, fui a um dos esboços de livro...