Como chimpanzés em época de cio!

À falta de sabedoria da minha parte para pôr aqui uma musiquinha bucólica e relaxante, mas com um quê de movimento, façam o favor de a imaginar, ok?

Fim de dia, rumo a um restaurante para uma posta mirandesa, quase a vaca inteira, pousam-se as traquitanas… pára, pára, pára, pára tudo! Pára a música….. o rais parta deste corrector do Word é um perfeito imbecil…. Isto de porem uma máquina a corrigir gramática também tem que acabar….. ora não querem lá ver que o rapaz sugere que substitua “pousam-se”, aí em cima, por “pousa-se” alegando que sujeito e predicado têm que concordar….. E concordam, ó limitado! Nas orações complexas pode haver mais do que um sujeito e, neste caso, o sujeito que “pousam-se” não é a vaca! Vê-se logo que nunca foste àquele restaurante para perceberes que a vaca não cabe em cima da mesa…

Continuando, start à música, por favor…

....pousam-se as traquitanas, procura-se uma posição relaxada, fuma-se um cigarro, trocam-se umas palavritas, coisa pouca, pois o diálogo é involuntariamente impossível.

Do outro lado da sala são atiradas, a fazer lembrar aqueles concursos de quem acerta mais longe com aquilo…., palavras, frases intermináveis, cheias de caquinha, de falta de respeito pelos demais frequentadores do sítio.

Nas minhas costas, mas na outra ponta do restaurante, qualquer coisa como 30 m2 de sala, estavam uns cavalheiros de digníssima estirpe discutindo frivolidades de alto gabarito!

Pois que “se estiveres em Copacabana a água do mar está à tua frente”. “E se estiver em Carcavelos o mar também está à minha frente” – Pode não estar, pode não estar cavalheiro, se estiver voltado para a Marginal o mar não estará de certo à sua frente, digo eu….

Então e Chamonix, é na França ou na Suiça? “É na Suiça! É que nem penses nisso! Na França?, ‘tás mas é doido”. “Tu não insistas, que eu apostei com ele e perdi, pá, Chamonix é na França.” “Não é nada, é na Suiça, só não aposto eu contigo, porque não tenho aqui dinheiro.

E há mais, muito mais. Por exemplo fiquei a saber que já tinham ido umas vinte e tal vezes ao Brasil – andam a treinar para concorrer aos Acimentados, de certeza!

Estavam eles a discutir que o sol em Portugal nasce a Este e põe-se no mar, ao passo que no Brasil põe-se em terra, quando chega a minha conta, felizmente. Começo a dirigir-me ao balcão e apercebo-me pelo caminho que a máquina Multibanco está ao lado da mesa deles. Lanço um olhar rápido só mesmo para lhes tirar a pinta. A imagem que criei confirma-se – labregos metidos a fino!
Acerco-me do terminal de pagamento e começo a ver tudo a andar à roda com o inebriante cheiro a água ardente. Apresso-me a pagar, mas não com a rapidez necessária para manter a lucidez sobre a localização de Chamonix. Saio de passos apertados e já na rua respiro fundo. É na França, claro!

Entro no carro, 30 Km pela frente, chave à porta, despacham-se uns afazeres, olho para as memórias das putas tristes do outro e tiro daí a ideia. Por hoje já me chega de chimpanzés em época de cio!