Flexibilidade e polivalência!

- Queria falar comigo?

- Sim, era para marcar uma conferência de imprensa. No âmbito do reinício... (aqui já eu estava a ouvir vozes, como nos desenhos animados do Peanuts, aquele blá, blá, blá imperceptível, que vêm de dentro de um contentor de lata).

Passado o impacto surpresa inicial, voltei a prestar atenção.

- (...) era para articular com o Gabinete de Comunicação e para ver se podia ser na sexta-feira.

- Bom, posso dizer-lhe, que me parece não dar tempo para ser na sexta-feira , da experiência que tenho DE QUANDO ERA ASSESSORA! (esta foi só para marcar território!)

Ainda mal tinha afixado o ponto de exclamação já ele se enrolava no fio de telefone, depois de - e enquando me saiam boca fora cada uma das palavras - compulsivamente, ter rodado o pescoço para a direita, esticado os braços na mesa, pegado no auscultador do telefone, tê-lo pousado, pegar numa caneta e tê-la devolvido ao respectivo porta-lápis. É uma coreografia que utiliza sempre que é contrariado ou está nervoso! Tentem fazer isto tudo enquanto repetem as minhas palavras....

- Mas fale lá com o Gabinete e diga que sou eu que quero! - acrescenta com ar de menino mimado!

Por quem é, senhor doutor. Nem nunca me passou pela cabeça contrariar uma ordem sua, ainda que extravase, completamente, as minhas actuais competências.

ACHO QUE ANDO A DAR MUITAS BORLAS! Mas, depois, como até gosto de fazer.... vou anuindo. O problema é que, um dia, posso ser engolida pelo monstro.... ou não, Outubro o dirá!