Patioba: Em dedinhos de pés

quarta-feira, outubro 15, 2008

Em dedinhos de pés

É como se anda por aqui, quando as chefias estão em guerrilha.

Uma, descerebrada, esforça-se por parecer ocupada e proactiva demonstrando, no entanto, a cada atitude, que uma ervilha no sítio do cérebro não é o suficiente para conduzir os destinos deste serviço. Em especial quando os processos são despachados para nós com a frase mágica "A fulano de tal, para os devidos efeitos" e onde cabe quase tudo o que nós quisermos fazer, por exemplo, servirmo-nos dela como alvo de dardos!

Sempre que a ouço falar vem-me à ideia este senhor e a sua famosa expressão "You brainless woman"...

A outra, mais graduada, insiste em espalhar o terror para melhor dominar (e Maquivel continua tão actual!!). Há situações em que nos utiliza para isso e nós, já sem fuga possível, temos que participar no circo. Em vez de uma ervilha, tem duas, e vá, uma couve bróculo!

Há ainda o superior de topo, a quem os cérebros vegetais tratam nas palminhas e vendido para nós como o bicho papão. Ele não é um bicho papão, é só um verme. A última coisa extraordinária com que fui brindada desta criatrura foi um despacho que questionava a continuação de um projecto, em preparação há mais de um ano, sempre aprovado em todas as suas propostas. De repente, o verme questiona a validade técnica (??!!) e aproveita para dizer que não é fundamental no momento.

Eu podia até dizer que se trata de um projecto de sustentabilidade ambiental, de redução e valorização de resíduos e que, espantosamente, não terá quaisquer encargos para a instituição. Para o comum dos mortais só este argumento seria suficiente para avançar a todo o vapor. Mas não. Com o verme não funciona assim. Pelas palavras do cérebro de duas ervilhas e uma couve bróculo, o melhor é deixar passar algum tempo, passando sempre, contudoi a mão no pêlo do verme, até lhe demonstrar que o projecto é fundamental e que já devia ter arrancado há muito tempo..... Partindo do princípio que ela até percebe do que está a falar, isto parece uma conversa normal....

Vale-me acordar com tempo suficiente para brincar e contar histórias que começam sempre com "é uma fez"e nas quais entram animais verdadeiros. Muito me orgulha que o Noddy seja conhecido apenas porque os colegas da escolinha o levam para mostrar e que um outro personagem da mesma história seja, por artes mágicas, o Pai Natal, para grande espanto de todos os adultos, que oscilam entre o perplexo pensamento de "esta criança não conhece o Noddy??!!!!" e a certeza de que, de facto, não o conhece, quando digo que a televisão não é um brinquedo e que gostamos mesmo é de tintas e pincéis e fazer o jantar é uma brincadeira tão divertida como jogar à bola.

Lá chegarei, aos noddy's, mas, por enquanto, aproveito o desinteresse e frases maravilhosas como "não qéo cócó-xanita, qéo mais miminhos com mummy", logo pela manhã, antes do princípio do dia dele.